segunda-feira, 18 de maio de 2009

Efeito Matilha

“Quando um animal começa a agredir, outros animais que estão próximos podem adotar o mesmo comportamento agressivo. É o que se chama efeito matilha. É um resquício ancestral e diz respeito a todas as espécies.” Frase atribuída à famosa veterinária.

Personagens:
Abel; Antonio; Mauricio e Nilton.

Lugar:
A cena se passa em uma garagem na casa de Nilton, reformada e transformada em escritório. Escritório no sentido de um lugar para ir durante boa parte dos dias que se sucedem sem o brilho e o glamour que ele gostaria que sua vida transparecesse. O ambiente é agradável e acolhedor e lá estão grandes amigos. Amigos muito antigos que se conhecem e se acompanham há várias décadas. É um encontro regular, quase que um compromisso mútuo, de reflexão grupal sobre as experiências e as atitudes individuais.

Abel:
- Opa! Espera aí, meu! Eu não estou gostando do seu tom de voz. Você está falando de um modo agressivo. Esse seu jeito de dono da verdade (?)...

Antonio:
- É, cara! Um pouco de calma não faria mal! Você está querendo monopolizar a conversa.

Mauricio:
- Eu não queria dizer, mas eles têm razão. Eu estava querendo ouvir o Tonico. Você está um pouco “over”!

Nilton:
- Estou? Desculpe, mas eu sei o que estou falando. Vocês estão falando bobagem. Afinal, estudo esse assunto já faz tempo. Dizer que Allan Kardec é o nome de um espírito que ditou o “Livro dos Espíritos”. Isso não é verdade!
(E com um acento incerto do idioma, continua:)
O nome é: Hippolyte Leon Dénizard Rivail, ele foi um discípulo do Pestalozzi, era educador, escritor, enfim um cara sério, de posses, que se dispos a estudar, usando o método científico, fenômenos paranormais, procurando se comunicar. Estudou e elaborou um amplo questionário que enviou para diversos lugares, distantes uns dos outros, a fim de comparar as respostas obtidas pelos médiuns, naquela época ainda desacreditados pela sociedade. Foi através dessas respostas, ditadas pelos Espíritos aos médiuns e analisadas empiricamente que o Sr. Rivail, com rigor científico e parcimônia, escreveu, sob o pseudônimo de Allan Kardec, o Livro dos Espíritos, que foi o primeiro de...

Antonio:
- Olha, desculpa, mas pelo menos no livro que estou lendo não é isso... Allan foi o espírito que ditou o livro..

Nilton:
- Bobagem...

Abel:
-Porra meu! Eu não estou gostando nem um pouco desse seu comportamento!!

Mauricio:
- Nilton, é só você beber mais de uma latinha de cerveja que você se transforma, cara! Não é porque você estudou que você tem mais voz ativa na reunião dos amigos. Você não é o dono da verdade...

Nilton:
- Ok! Não falo mais! Continuem como se eu não estivesse aqui...

Os demais se entreolham e voltam seus rostos para Nilton. O primeiro com olhar cínico, o segundo sarcástico e o terceiro com escarninho. A conversa, todavia não cessa. Inicia-se, nesse momento, algo que o grupo pensa conhecer e dominar com a habilidade adquirida através de ampla experiência mútua: a análise de um comportamento inadequado.

Antonio:
- Meu, dá um tempo. Você está bem? Aconteceu alguma coisa?

Abel:
- É! Você quer contar alguma coisa para gente?

Maurício:
- Isso, se solta Nilton! Fala aí.

Como se Nilton pudesse “ver” os pensamentos, pela postura de cada um, pela forma como cada um se arrumava na respectiva poltrona, a gestualidade de todos, tudo enfim, faz com que não consiga ouvir seus amigos e, levantando-se diz:

-Mas o que é isso? “Efeito matilha”?

De dentro da casa, Cristina, mulher de Nilton, pôde ouvir a sonora gargalhada na garagem e pensou como os homens podem ser bobos quando se reúnem.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Oponente

Vou para o mato, assim você pode se sentir livre!
Quem sabe, você sente saudades...
E, chegue à conclusão de que eu não sou um oponente...nem seu objeto de desejo...para estar pronto quando você me quiser!
Ambos, temos os mesmos direitos.
Sou um ser pensante. Possuído de fraquezas... Não, antes de qualquer coisa sou um ser frágil. Mas, com idéias e valores próprios.
Qual é o contrário de oponente?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Obamização

A maioria das pessoas é boa!

A humanidade como um todo é boa, intrinsecamente!
Entenda-se de modo simbólico:
A água nasce pura e equilibrada, naturalmente.
É o artificialismo da indústria ou da arte que a polui. Antes ou depois!
Nós somos bons, intrinsecamente!
Mas, paradoxalmente, somos os protagonistas, também do mau. Só que, por termos dentro de nós (lá no fundo, às vezes) a pureza original (os conceitos de justiça com os quais o nosso criador nos programou), pode-se dizer - sem sombra (e água fresca) de dúvida - que o bem nem sempre vence, mas no fim tudo vai dar certo!
E, como dizia aquele otimista inveterado: se as coisas agora não estão bem, é por que ainda não chegamos ao fim...


FIM

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Ingênuo!

Como eu estava dizendo agora há pouco...
É.. mas, afinal, o que mesmo eu estava dizendo?

Ah, lembrei:

Todo relacionamento tem um começo, um meio e um fim.

Atrevo-me a dizer que um relacionamento tanto é mais estável quanto maior o respeito inter-dispendido (como será que se enquadra? com hifen ou sem hifen?).

Começo:

Tudo é maravilhoso, o sexo só é tórrido...

Primeiro tempo:

Nem tudo é perfeito, mas o sexo está cada vez melhor...

Meio tempo:

Há vezes que somos almas gêmeas, outras que somos espíritos antagônicos presos um ao outro...

Fim:

Não receber a justa recompensa...



Conclusão:

Sou ingênuo a ponto de esperar uma recompensa no fim do labirinto.!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Vita!

Mas o que é isso? Afinal, o que está acontecendo?Existe um sentido em tudo isso? Alguém poderia dizer o que estamos fazendo aqui? Os valores são esses, de todo dia? Que mundo é esse que o tempo todo nos afasta da pergunta primordial? Por que viemos, de onde foi e para onde vamos depois?  Ou como diz a música italiana: “Che cosa restarà di noi, di tutte le esperienze che abbiamo havuto in questa vita? "  

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Eu cresci ouvindo histórias!

Caro amigo,

Essa sua contribuição foi muito boa. Gostei!

Com relação, especificamente, ao apelido que você me deu eu quero dizer que achei muito legal! Sabendo do sentimento de amizade que temos, acredito piamente que quando você pensou nele não foi de forma irônica. Por isso me sinto agradecido e


aceito!


Sem medo de ser mal compreendido por todos os demais eu me justifico.

Se ao mesmo tempo sou muitas vezes sangüíneo, agressivo e até cruel com aqueles que gosto; eu procuro ter atitudes nobres. Não me entenda mal!


Eu cresci ouvindo histórias!


Meu pai - uma figura difícil, (i) - como aquelas que existiam antigamente nos álbuns de figurinha e que vinham carimbadas; aquelas que, (ii) - no primário, a gente exibia todo orgulhoso quando tinha a sorte de encontrar e, no recreio, não punha no monte para “bater” com os colegas – achava que o caráter de um homem devia ser moldado pelos bons exemplos. Em momentos solenes, muitas vezes à mesa, tendo como público apenas minha mãe eu, ele, enquanto comíamos, narrava algumas passagens nobres de nossos antepassados, histórias sobre boa educação, honra,

 honestidade e outros valores não menos louváveis. Nem sei se as histórias eram verdadeiras, acho que nunca me preocupei muito com isso. Para mim eram histórias fantásticas! Em todos os sentidos. Fantásticas porque eu as achava bonitas e imaginava as situações, construía mentalmente os cenários, dava feições aos personagens, enfim, as produzia e elas me pareciam reais. Fantásticas, também, porque eram muito distantes da realidade do meu dia a dia, onde eu via pessoas que davam valor a coisas muito diferentes, em que esses, de honra, honestidade e bondade não faziam, absolutamente, parte da receita do sucesso.

Meu pai contava essas histórias atribuindo-as à nossa família e eu tinha orgulho, mas, ao mesmo tempo, me sentia responsável pela continuidade dessa extirpe de nobres. Esse outro lado às vezes me pesava. Não foi uma ou duas vezes que eu me peguei, diante de uma situação qualquer, pensando em como agiriam meus bisavôs ou meus avôs. E isso sempre foi complicado. O panorama parecia-me outro, muito distante do mundo que aqueles senhores de chapéu coco e bengala tinham existido. Como agiria meu avô (e meu bisavô) nesse mundo? Bem diferente do deles, imagino.

É engraçado, porque hoje eu entendo a real intenção! Papai tinha grandes expectativas com relação ao meu futuro! Na verdade era mais que isso, ele depositava em mim toda a sua esperança!

Ele perdeu um filho, meu irmão mais velho e, essa perda, marcou e mudou sua percepção do mundo, sobretudo sua fé em Deus!! Também marcou - e profundamente - seu modo de amar! Mas isso é uma outra história! Quem sabe, um dia, eu tenha a capacidade de escrever sobre ela!


Um grande e fraternal abraço!


sexta-feira, 25 de julho de 2008

Chat

-Qual foi o livro que você mais gostou?
-Crime e Castigo.
-Por quê?
-Como assim por quê? Você leu?
-Estou lendo e soube que é o livro que você mais gosta.
-E você está gostando?
-Não. Justamente por isso que resolvi fazer a pergunta. Estou achando chato. Lento. Não entendo aonde o Dostoievski quer chegar. Todo esse questionamento interminável do Raskolnikov...
-E, então me permita uma pergunta: qual foi o livro que você mais gostou?
-Ah, eu gostei de muitos! Mas diria sem medo que um dos meus prediletos foi o Fernão Capelo Gaivota! Mas eu só vi o filme.