sábado, 22 de março de 2008

Bem-vindo!












Aquele lugar no balcão é meu. Eu vi primeiro. Aliás, quando a senhora saiu ela olhou para cá, como que cedendo o lugar especialmente para mim. Não pense aquele bêbado que eu vou deixar. Apresso o passo. Derrubo uma garrafa no caminho. Não peço desculpas, mas chego primeiro. Agora tenho que alargar meu espaço. Encosto-me no homem que toma café com leite da minha direita. Devagarzinho empurro um pouco. Coloco meu jornal no balcão, delimitando minha área. Direita conquistada. Estico o braço querendo pegar o açucareiro à esquerda. Peço licença. Esquerda conquistada. Chamo o garçom. Ele não vem! Derrubo um copo do lado de dentro. Ele olha para mim. Peço desculpas, um pingado e uma média. Lembro-me que estou atrasado no trabalho. Engulo meu café da manhã sem sentir o gosto. Corro até o caixa com meu tíquete na mão. Entro no buraco do metrô empurrando e sendo empurrado. Formamos um só corpo no vagão. Subo correndo na escada rolante. Ando quase correndo por dois quarteirões. A fila para o elevador é muito grande. Vejo meu chefe e o gerente esperando. Já deveria estar sentado na minha mesa há mais de 40 minutos. É a quarta vez, só essa semana. Abro a pesada porta corta-fogo e subo trotando os seis andares. Entro ofegante na recepção. Vejo que o elevador está subindo. Tiro minha jaqueta, jogo na cadeira e ligo o computador. Maldito computador, demora um século para “inicializar”. Meu chefe vem em minha direção!
O monitor estampa: “bem-vindo”!

2 comentários:

Anônimo disse...

Ainda bem que não tenho fome pela manhã, nunca me atrasaria por conta de um pingado. :-)
Me atraso porque sair da inércia pela manhã é um trabalho que demanda tempo, só tempo...
Abração

Anônimo disse...

Lembro que você me contava que quando chegava atrasado no trabalho já chegava sem paletó, como se estivesse há tempos na mesa e tivesse ido resolver algo no andar debaixo. Gostei do texto, todos passamos por isso, é universal
beijos
Mi